Maceió: VÍDEO: Ex-Delegado que denunciou venda de sentenças no TJ-AL sai da prisão e conta tudo
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09/04/2010 06:12
VÍDEO: Ex-Delegado que denunciou venda de sentenças no TJ-AL sai da prisão e conta tudo
Se não existisse o CNJ, nós estávamos perdidos
por Emanuelle Oliveira
Maciel Rufino
VÍDEO: Ex-Delegado que denunciou venda de sentenças no TJ-AL sai da prisão e conta tudo
Depois de denunciar um esquema de venda de sentenças e por em xeque a idoneidade de integrantes do Poder Judiciário de Alagoas, o ex-delegado da Polícia Civil, Wladney José da Silva, que foi preso sob acusação de enviar uma carta ameaçando o desembargador do Tribunal de Justiça (TJ/AL), Tutmés Airan conversou, com exclusividade, com o CADA MINUTO.
Ele teve o Habeas Corpus concedido no último dia 30, pelo desembargador Mário Ramalho, mas viajou para a casa de parentes e decidiu não manter um contato inicial com a imprensa.
O ex-delegado disse que foi pego de surpresa com a soltura, que demorou 45 dias para acontecer, já que segundo sua família havia muitos obstáculos para que ele saísse, apesar de ser réu primário, ter residência fixa e nível superior.
Wladney afirmou que por ter sido acusado de fazer uma ameaça não poderia ter sido preso, lamentando também o posicionamento do diretor-geral da Polícia Civil, Marcílio Barenco e a perseguição sofrida por sua mãe, Denise Batista da Silva e pelo irmão, Wladson Silva, acusados de coação no curso do processo.
“Minha prisão foi desespero do TJ, um reflexo de que minha denúncia foi séria e mexeu com os magistrados. Sai atordoado, por isso viajei. Colocaram minha mãe e meu irmão como integrantes de uma quadrilha e quiseram inverter os papéis, prendendo quem denunciou, enquanto acusados continuam soltos. Mas, a verdade vai prevalecer porque não escrevi a carta para ameaçar e sim, como um desabafo. O Barenco podia ter mantido um contato para que eu me apresentasse, ao contrário de mandar a polícia perseguir minha família e 10 viaturas do Deic e do Tigre para me prender e chamar a atenção dos vizinhos”, desabafou o ex-delegado.
Wladney contou que por ter ficado muitos anos na polícia foi difícil passar de delegado a preso e ainda, dividir uma cela pequena com mais três pessoas. Ele destacou que se sente uma vítima das injustiças do judiciário e que sofreu um trauma psicológico que vai ficar para sempre em sua memória.
“A reação é automática, só quem é preso pode saber, mas nunca cometi nenhum crime. Tudo aconteceu em pleno carnaval, para eu ficar preso, pois tudo estava fechado. Fico triste por ter passado por isso, que é o que acontece quando se mexe com pessoas poderosas”.
Ele criticou o posicionamento do TJ diante do caso e contou que um dia antes de ser solto foi ouvido pelos magistrados responsáveis pela sindicância, entregue ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), apesar de ter sido orientado a falar apenas do envolvimento do servidor lotado no gabinete do desembargador Washington Luis, Flávio Baltar, que é filho de um ex-desembargador.
Em relação à briga interna no TJ, após suas denúncias Wladney ressaltou que ao contrário do que queriam os desembargadores, o assunto não poderia ser resolvido pela Corregedoria, que é responsável pela fiscalização dos juízes.
“A 4ª Vara Criminal da Capital, que decretou minha prisão não tinha competência para isso. Minha esperança é que o CNJ se pronuncie, pois lá há muitas outras representações contra magistrados alagoanos. Isso causa um histórico negativo e a decisão do relator do processo sobre o imóvel da minha família não tem fundamentação, foi algo tendencioso, que fugiu dos autos. Só que a corda arrebenta do lado mais fraco. Meu interesse era falar sobre o processo, mas só fiz isso de forma extrajudicial porque alguns desembargadores quiseram me ouvir, mas o que eu disse não está na sindicância”, lamentou Wladney.
Prisão dos envolvidos
Acerca das prisões do advogado Fernando Costa – que já está em liberdade - e de Flávio Baltar Maia, que aconteceram no dia 24 de março, por determinação da 17° Vara, o ex-delegado afirmou que faltou rigor e responsabilidade para que ambos continuassem presos, já que os juízes desrespeitaram a prerrogativa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL), de ter acompanhado a abordagem.
Costa atuaria como um lobista, fazendo a intermediação do esquema e promovendo inclusive, grandes festas com autoridades do Estado para acertar detalhes da venda de sentenças, geralmente de processos relacionados a propriedades de terra e imóveis. Segundo a família de Wladney o advogado ficou milionário devido ao esquema e ainda ofereceria viagens e imóveis aos magistrados.
“Quem não gosta da 17° vara, que tem juízes que combatem o crime organizado em Alagoas? Porém, faltou responsabilidade deles, que por estudarem tanto têm que saber que precisam cumprir leis. Eles precisam rever suas atitudes, para manter as decisões que tomam. Achei estranho o fato de apenas três, dos cinco terem assinado a solicitação da prisão. Nesse caso o Omar Coelho teve razão em seus questionamentos”, afirmou.
Wladney lembrou que foi o comprador do imóvel de sua família quem contratou Fernando Costa, mas que mesmo assim ele [comprador] não foi investigado. “Divulgaram que recebemos o valor do imóvel, mas não há nenhum documento que comprove isso. A entrevista concedida pelo Tutmés foi infeliz, ele estava nervoso, sabe que deve, pois o processo da minha família não tem uma vírgula que sustente a decisão dele”, reafirmou.
Mudança de vida
Apesar da ameaça recebida por sua mãe, feita através de um telefone público – protocolada na Polícia Federal e no CNJ - e da tensão vivida pela sua família desde que foi preso, Wladney afirmou que tentará voltar à rotina normal.
“Sei como é a conduta de pessoas criminosas e não tenho estrutura para ter 10 seguranças ao meu lado, mas não vou ficar na rua esperando que algo ruim aconteça. Ficarei mais atento, só que sei que se me acontecer alguma coisa os acusados serão responsabilizados. Só quero reaver o que pertence a minha família”, ressaltou.
Ele informou que futuramente deverá processar o Estado pela omissão diante do caso e pela humilhação que sofreu. “Quem sofre uma injustiça quer processar alguém, mas vou pensar nisso depois que tudo se resolver. O que aconteceu mexeu com toda minha estrutura familiar. Até parentes de pessoas que estavam presas, ao me visitarem, demonstravam indignação. Minha sorte foi que não sou um leigo e conheço meus direitos. O TJ passa por um momento de reprovação social e minha briga é para que a justiça seja feita”.
Wladney manteve um contato com o corregedor nacional do CNJ, Gilson Dipp, que está com as gravações feitas por ele, inicialmente entregues a PF e que comprovariam o esquema. Ele deverá marcar uma reunião para relatar como descobriu a participação dos magistrados no caso.
“Se não existisse o CNJ estaríamos perdidos. Confio no rigor do ministro, que já afastou diversos magistrados em outros estados. Mesmo que existam pessoas como o Barenco, que dizem que isso não vai dar em nada, continuo confiante. Não sei até que ponto ele tem interesse para torcer contra”, ressaltou.
sábado, 24 de abril de 2010
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